A arte de não revidar

“Agora, Senhor, considera as ameaças deles e capacita os teus servos para anunciarem a tua palavra corajosamente.” Atos 4:29

Uma característica muito explícita na obra e vida terrena de Cristo foi sua disposição a não revidar a provocações, injustiças, humilhações ou afrontas. Entenda logo de cara o que quero dizer com isso, é mais que claro que qualquer um pode reivindicar seus direitos e procurar, dentro da lei, ter seus direitos preservados.

Porém o que quero te levar a refletir, é a importância do “perdão aplicado” e da “misericórdia em sua forma prática”. Práticas que Jesus fez e ensinou e encorajou seus discípulos a imitarem. Sendo assim, todo aquele que está focado em sua missão como seguidor de Cristo, não tem o desejo do reconhecimento por parte de pessoas, ou a vontade de revidar na mesma moeda aquilo que lhe foi afrontado.

Entenda o contexto de Atos 4, Pedro e João haviam sido presos por anunciarem o evangelho de Jesus, e agora são proibidos pelos líderes judeus de continuarem essa missão, à duras penas serão castigados e até mortos se continuarem a praticar tais atos. O verso 29 nos traz a resposta da igreja, da comunidade de discípulos ao ouvirem tais ameaças.

Perceba que a sua oração não é vingativa, não pedem para que Deus mate aqueles que os perseguem, ou mesmo que os livre de tais perseguições. Diante destas, o que vemos é uma comunidade que basicamente faz dois pedidos ao Pai, fique de olho neles para nós, e enquanto isso nos encha de coragem para não desistirmos de lutar.

Diante das ameaças, do medo da morte, a igreja estava preocupada em não perder o entusiasmo e a fé na missão comissionada por Cristo. A reposta de um discípulo diante das dificuldades e tribulações deve sempre ser esta, “Senhor, cuide destes problemas, me ajude a solucioná-los, mas não me deixe perder a coragem de anunciar com minha vida que o Senhor é bom em todo o tempo.

O que podemos tirar de lição com os irmãos da comunidade cristã primitiva é que o povo de Deus não deve ser vingativo ou reativo. Cristão de verdade não apoia a violência, não tem em seu coração a alegria de ver seu “inimigo” sofrer. Jesus nos ensinou a amar nossos inimigos, e talvez isso soe muito estranho aos nossos ouvidos, mas creio eu que isso não signifique amar de paixão essas pessoas, mas retribuir o mal que elas nos causam com o bem, com o mesmo amor e misericórdia com que Cristo nos alcança todos os dias, isso é exercitar o perdão divino para com o nosso próximo.

Diante das lutas, perseguições e humilhações, lembre-se sempre, o Senhor sempre está de olho em tudo o que está acontecendo, nada passa desapercebido, e Ele é mais do que capaz de lhe dar a coragem necessária para enfrentar tais problemas, sem perder o foco que é uma vida missional, onde o objetivo principal é levar a conhecimento do mundo o amor, graça e misericórdia divina revelados em seu filho, Jesus.

Creia nisso!

Por Ricardo Rodrigues